Ao saber hoje, logo pela manhã, que patos e perus tinham sido encontrados mortos, na Alemanha, por mor da gripe das aves, “preocupado” com uma que cá sei, telefonei pressuroso a informar-me.
Incomodei (tentei) a minha melhor referência sobre qualquer matéria, o enciclopédico Nuno Rogeiro.
Não estava. Nem nos próximos dias. Hoje, porque decorria um fórum, na Buraca, onde ele ia apresentar uma revolucionária tese sobre “a depredação que a lagarta lonomia obliqua está a provocar nas plantas hortícolas”. Amanhã, porque tinha agendada uma conferência, em Fornos de Algodres, sobre “Guerra das Estrelas e globalização”. A seguir outra, no Seixal, acerca d’ “As atitudes comportamentais e as mensagens subliminares”. Depois outra, em Londres, na Academia de Santa Cecília, sobre “O islamismo e o impacto religioso-civilizacional”… And so on… And so on…
Inconformado, não desarmei. Nem desisti.
Tentei, então, o LD (há muito que não necessita de ser descodificado), o único jornalista em cujo saber e informação eu, cegamente, confio.
À minha pergunta – receoso – “é sobre a notícia de hoje acerca da gripe das aves”, ele, solícito, do alto do seu infinito saber, “desceu“ até mim e explicou-me: “ó meu amigo!” [não sei explicar o sacolejo que me abanou… Aquele “meu amigo” – sic! – parecia-me um sonho, uma recompensa, uma dádiva complacente do céu…]. “Então não sabe que já tem nome científico – código, melhor dito – essa tal de gripe das aves?”
- “Atão” – indaguei a medo e respeitoso.
- “Agora é ‘H5N1’ que se diz… E por cá, agora, tudo bem…”
(Este “por cá, agora, tudo bem”, não consegui desligá-lo do seu habitual contexto: desde a feliz hora em que o grande timoneiro, SL, surgiu da penumbra [incubadora, teimam os despeitados e irreverentes e ingratos] para nos deixar inundados de um sol radioso, da promessa de ir galgar, rapidamente, as décadas de atraso em que teimávamos em continuar mergulhados, tão urgente era a necessidade de profunda mudança…)
- “Obrigadinho e desculpe qualquer coisinha”, respondi com um discreto acenar de adeus, meio encafifado.
Mas quis ir mais longe… (Pudera. Eu tinha um objectivo!).
Contactei, então, e desta feita, um emérito veterinário, meu velho amigo de há “séculos”.
E foi completamente esclarecedor: “Olhe, sabe? – responde, calmamente – perus, cá, temos muitos. Mas estão sempre no estado de noite de Natal. Logo, sem riscos. Quanto a patos, também cá temos imensos. Muitos, muitíssimos. Mas têm todos uma imunidade à prova de bala. Quanto mais de gripes (ou H5N1, desculpe o jargão).
A única preocupação séria, no nosso país – prosseguiu – que se saiba [eu sabia, eu estava mesmo a adivinhar], é com um pinto que nem é da capoeira, mas da costa.
Como pertence – continuou – a uma espécie (casta, entende? – explicou melhor) que cientificamente dá pela designação de pathetica mhorconisque avis rara, nunca foi aconselhado o seu consumo. Mas agora, infectado que se encontra com o H5N1 – único caso conhecido cá na nossa praça – mais viva e insistentemente se desaconselha consumi-lo.
Eu não sou bruxo.
Eu sabia!!!...
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