segunda-feira, abril 25, 2005

O "TRAVESSURAS"

O Travessuras é o único colaborador que admiti.

Acho-lhe piada. E tem um “currículo invejável” (na sua expressão): no ano lectivo de 1999-2000, com 14 anos, e no 5º ano, teve de mudar de escola duas vezes. Mas no ano lectivo seguinte, “regrediu” (confessa): só mudou de turma… Três vezes.

No ano lectivo de 2001-2002, “piorou” (insiste): só mudou de turma, duas vezes.

No ano lectivo de 2002-2003 foi expulso: mandou uma bomba de cheiro, pela janela, para a sala dos professores e outra na aula.

Desistiu de estudar: “não compreende o rigor dos professores” – desabafou.

Ah! Em que ano andava ele quando desistiu?

No mesmo 5º - o nosso antigo 1º ano do liceu, note-se. Tinha quase 18 anos. Diz que “preferia passar só quando dominasse bem a matéria”.

Como passa a vida no computador do irmão mais velho – que trabalha e raramente está em casa – domina bem essa matéria: Internet e correio electrónico é com ele.

Conheci-o n’ ”A Flor de Vinhais”, a leitaria do sr Felisberto, onde ele passa de vez em quando para beber uma coca e “dar dois dedos de cavaco c’o pessoal”.

É um gandulo do maior calibre. Tem um desplante e uma lata que davam para um regimento. Por vezes é despudorado e inconveniente – mas só com os seus pares ou com os da sua idade.

Com os outros, geralmente, é contido na palavra e no gesto.

Agora já vai nos 20 anos. Já os completou e disse na altura que, por isso, já estava a “perder a pedalada”, que “começava a sentir-se coroa”!

De vez em quando, manda-me mails que fazem corar um carroceiro. E quando não esses, outros para o pesadote.

.

Há uma ou duas semanas atrás,

imagine-se,

mandou-me o seguinte:

“pensamento:

“se a sorte um dia te virar as costas,

ao menos apalpa-lhe o cu”

.

E piores, muito piores ainda. Tais, que nem me atrevo a contar.

Aqui há tempos, postei uma história (uma carta),

que foi já ele que me mandou:

a carta da pobre-coitada-da-Cíntia

-arquitecta-dos-futuns a uma amiga…

Ora veja só (ou recorde) a carta da Cíntia

Como foram obras dele (ou por ele encomendadas), dois outros posts que para aqui mandei:

dissertação sobre a defecação

e

adiposidades e outras coisas das idades

Como se vê, é de força este Travessuras.

Mas, avisei-o logo: matéria apimentada… Vá!

Grosseria… Não.

Ele disse entender. E disse-me, mesmo, por palavras do dicionário dele, que não precisava de censura: que conhece bem os gostos dos coroas. “Tudo fixe”, concluiu.

Vamos ver.

sexta-feira, abril 22, 2005

À PALESTRA COM O SR FELISBERTO


- Então, sr Felisberto: gosta do novo papa?

- Olhe, nem sei. Do cardeal que ele foi, pelo que li e ouvi, não gostei. Do papa? Ainda não deu para avaliar.

- Mas, que me diz dele?

- Para já, ou se fala do que já se conhece, ou nos pomos a adivinhar. Como não adivinho, digo-lhe do que sei, até agora. E até agora só posso dizer o mesmo que lhe dizia do outro…

- ?

- Quer o anterior quer este, (este, repito, pelo que dele se conhece até aqui) mergulhados nas suas ideias e nos seus preconceitos, estão neste mundo, mas de costas voltadas para ele…

- Mas esperava que a Igreja desse uma cambalhota?

- Claro que não. Tanto quanto sei, de há muito, muito tempo, os papas antes foram cardeais, estes antes foram bispos. E qual é o padre que chega a bispo, qual é?
Não é o padre (há um ou outro, poucos) mais atirado para a frente, mais progressista, mais disposto a, como homem deste tempo, resolver os problemas de hoje, que chega a bispo. Geralmente são os padres mais conservadores que chegam a bispos… Ou não é assim?

- Parece que é…

- Pois é. Ora desses bispos conservadores (nova escolha), os mais conservadores é que chegam a cardeais… Não será?

- Acho que tem razão.

- Se, por engano, algum cardeal não for conservador, como é que ele sozinho… (são precisos muitos votos para eleger um papa, não são?)

- Sim. Dois terços dos votos, pelo menos. O que agora dava 77!

- Ora pronto. Dizia eu: se por puro engano algum padre não conservador tivesse chegado a bispo, e se esse bispo tivesse passado o crivo – por milagre, naturalmente – e tivesse chegado a cardeal, como é que ele, sozinho, conseguia eleger um papa arejado? Sim, que com esse tal, agora, já não se repetia o engano: não era mesmo eleito.

- Assim, não há mesmo volta a dar-lhe!...

- Mas claro que não. Isto é uma teia em que eles próprios se enredam, então não se está a ver?
A gente esquece-se de uma coisa: a Igreja sempre esteve arrimada aos ricos e aos poderosos, a partir de Cristo. E os poderosos não apreciam, não suportam progressismos.
Olhe, sabe? Ele há aí um padre – melhor, ele é frade; não sei de que ordem, mas sei que se chame Bento Domingues – esse padre escreve aos Domingos no Público. Leio-o sempre. E leio-o porque ele tem um sermão diferente dos outros. (Eu estou a dizer sermão… Maneira de dizer. Ele escreve, e sem estilo de sermão). No fundo ele acha que a Igreja devia ser capaz de ouvir e discutir os tais problemas da actualidade: o casamento dos padres; as mulheres e o reconhecimento da sua valia, da igualdade; o preservativo e a sida; o aborto em certas circunstâncias; o direito de uma pessoa a quem foi dito: não há mais nada a fazer! O direito de essa pessoa poder decidir não sofrer mais e não fazer sofrer os outros, decidir acabar e ter colaboração para isso… Eu sei lá que mais!... (Algumas coisas destas têm nomes, mas eu não me lembro deles…)

- Nem são precisos. A gente entende que fala do celibato, da eutanásia, da ordenação das mulheres… Entende-se tudo. O invólucro não interessa, o que conta é o que está lá dentro.

- Também acho que sim. Mas dizia eu que esse padre – ou frade, melhor dito – é uma excepção. Não me parece que ele se encolha muito para discutir os assuntos mais quentes. Claro que um padre destes está bem longe de alguma vez poder vir a ser bispo! Quanto mais papa!

- Sei de quem fala. Também julgo que nem por milagre lá chegaria alguma vez.

- Mas oiça: o homem – o papa, quero dizer – ainda agora lá chegou. Imagine que o Espírito Santo existe e que o toca!!!
Olhe, lembrei-me agora: li no jornal que esse mesmo frade, Bento Domingues, disse que o cardeal (disse o nome dele, que é alemão, não me lembro qual é), disse que o cardeal morreu. Que agora temos o papa Bento… 16, se estou certo.

- É, é isso.

- Mas eu sei cá?! Pode acontecer. Nem deve ser preciso esperar muito tempo para apurar o assunto (até porque ele já vai com uma idadezita…). Tenhamos calma. É melhor falar depois de ver se o papa é ou não o mesmo que o cardeal que ele foi… Certo?

- Certo. Acho que sim. Vamos então esperar um tempo. Gosto sempre de o ouvir, sr Felisberto. Tenho que me ir chegando. Até mais ver!

- Vá tranquilo, Amigo.

sexta-feira, abril 15, 2005

ADIPOSIDADES E OUTRAS COISAS DAS IDADES

Ele há as beldades, os modelos, os escorreitos, os assim-assim e os outros.

As beldades e os modelos são os super normais. Os escorreitos e os assim-assim são os normais e os paranormais. Os outros, são os fortes (gordos é um termo desconfortável).

A partir dos quarenta… Já se sabe: elas e eles começam a robustecer (engordar é um termo desagradável). Nelas é a idade em que, geralmente, todas passam a ser louras, em que o peito se avoluma, em que a anca e a coxa se alargam.

Neles, não a idade em que pintam o cabelo, porque é quando ele começa a cair e a rarear. Mas em que começam a entroncar, e o estômago começa a inchar (engordar é uma palavra antipática).

Ou seja: eles tornam-se tronchudos; elas repolhudas.

Vai daí, umas e outros começam a ficar meios disformes e a olhar de soslaio para as borboletas e os fininhos que os rodeiam. Com, por vezes, mal disfarçada inveja. Sempre, com infinita saudade.

É quando não podem olhar aquela fotografia dos 19 anos (ainda por cima com aquele riso, largo, de felicidade), ou a do casamento (ainda por cima tirada por fotógrafo capaz de milagres no tratamento das imagens)… Sem que soltem um suspiro!

Não! Ponto final: deixemo-nos de açucarar a conversa: gordos! Isso, gordos é que eles se tornaram.

Rabudas, elas (e vá lá: porque o Bush e o A J Jardim, na sua proverbial e incorrigível boçalidade diriam, sem disfarces: cuzudas!).
Pançudos, eles, com aquela horrenda protuberância que o cinto, coitado, mal consegue segurar, escorregando por aí abaixo.

Mas que há-de um cristão fazer?

Os acenos são tantos e os sacrifícios já são demais…

.

.

Por outro lado, por essa idade, ou pouco mais tarde, é quando despertam para uma segunda adolescência.

Maduros que se acham, e se sentem, supõem-se capazes das mais altas cavalarias.

E vai daí, elas querem à viva força tornar-se coquetes e parecerem rapariguinhas.

Eles, sem sentido do ridículo, perfilam-se, espicham o peito e, ao miudame em que tropeçam, fulminam-no com o olhar mais matador que se pode imaginar. Mas as miúdas nem o vêm, ou ignoram-no. Desprezam-no.

.

Certo que a doença se torna mais aguda, lá para os 50, 60 anos – por vezes até depois.

Mas a patologia começa a manifestar-se – e de forma irreversível – a partir dos quarenta e tal…

.

É assim!

É triste a condição humana: “a idade não perdoa”!

segunda-feira, abril 11, 2005

À PALESTRA COM O SR FELISBERTO


- Essas férias, sr Felisberto?

- Boas. Mas, como sempre, curtas. Foi o que foi possível.
Mas correram bem. Não que venha muito animado com a evolução do pessoal de lá, de Canas, ou de Vinhais…

- ?

- Obras, vão-se vendo. Mas as mentalidades! Que tristeza!

- E em relação ao novo presidente do PSD, que me diz?

- Ora… Ele não é do meu clube (para usar os termos e a imagem do sr Amadeu). Mas é dum clube do meu campeonato (ou da minha Liga, se quiser). Logo, tenho que o respeitar e que contar com ele…

- Mas… Que lhe cheira? Que acha do Luís Marques Mendes?

- Sabe que sou um ignorado cidadão e que não sou credenciado em análise política… Mas que procuro estar atento, lá isso é verdade…

- E é uma pessoa com cabeça, com sensibilidade e sensata…

- Lá estão os seu olhos e a sua costumada boa vontade…

- Não se trata de nada disso. É a verdade. Ora dê-me lá a sua opinião…

- Já uma vez lhe disse: o Pisca-Pisca (recorda-se que, entre amigos, o trato assim, por estar sempre a piscar. E sabe que a minha mulher lhe chama o “Mindinho”… [ri-se])… O Marques Mendes… Bom, eu sei que ele tem cabeça, tem experiência política… Ainda esta manhã, no fórum TSF, ouvi recordar que ele tem experiência parlamentar, e governamental… Foi ministro com Cavaco e com Durão Barroso. E foi líder parlamentar quando Marcelo Rebelo de Sousa foi presidente do PSD. Mas também ouvi um jornalista do Jornal de Notícias dizer que ele esteve (e continuaria a estar) bem, como nº 2 ou nº 3 do partido. Talvez não como líder…

- !

- Bom, cá por mim, também me parece que ele não tem muito, uma coisa de que se fala muito: carisma!
E indo a aspectos em que o povo também repara muito, falando da pessoa que se ouve… Ouve-se bem. Tem bom timbre de voz, fala escorreito, tem ideias, é sensato, é experiente.
Mas olhando para a pessoa que se vê… Não sei! Falta-lhe alguma coisa. É aquele olhar sempre de espanto, de assustado; é aquele ter de falar em bico dos pés (não no sentido figurado, como se poderia dizer de Paulo Portas e outros, que para serem vistos e ouvidos politicamente… Têm de politicamente pôr-se “em bico dos pés). Não é nesse sentido negativo e figurado que falo: é isso – falta-lhe uma posta, tamanho, altura. Que num político essas coisas também contam… Ora não é assim?

- Bom, até certo ponto. Mas não creio que isso seja o importante… Não acha sr Felisberto?

- Claro que tem razão: o que conta é “o crânio”… Claro que sim.
Mas o pessoal também olha para esses aspectos. Daí que a minha Joana lhe chame o “Mindinho” (e ri-se de novo)…

- Mas, vamos ou não ter homem?

- Oiça: claro que me parece que sim. Acho que alguma coisa mudou. Sempre será melhor para o partido deles e para todos do que o imaturo e o irresponsável que ele foi substituir… Mas não me parece que seja uma escolha definitiva do PSD… Já se perfilam outros craques lá no horizonte!

- Mas, então?

- Não, não: para já, não está mal servido o PSD. E parece-me que o governo vai ter oposição. E o partido é capaz de mudar. Para melhor, é evidente. E era urgente, também me parece.

- Então, aceita-se… Remedeia… É isso?

- Tal e qual: à falta dum Sá Carneiro – mas isso só aparece um em cada duas ou três gerações… Logo, não é para já – à falta do tal chefe carismático, aceita-se! Isso mesmo. Remedeia, exactamente.

- Mas acha que o Sócrates é essa ave rara de que aparece um exemplar de trinta em trinta anos?

- Não, também não acho. Que também não é o meu clube. Melhor: tem ocasiões que é… (ri-se, outra vez). Não terá tanta experiência acumulada como o Marques Mendes, mas sempre é outra coisa, tenho de concordar. Talvez nos pique (sublinhou com a voz) mais que o Marques Mendes… Entende o que quero dizer?

- Perfeitamente. Entendo e acho piada à imagem. Tem razão: é muito apropriada… E ainda o sr Felisberto continua assim tão modesto…

- Ó meu amigo: não insista. O que é que eu sou? NA-DA (diz com ênfase). Os seu olhos é que só vêem cor de rosa. O meu amigo é que tem boa vontade. Só isso.

- Nem imagina como me apetecia continuar aqui a palavrear com o sr Felisberto… E logo hoje, que está um livro aberto… Mas tenho de ir… Até mais logo.

- Até logo, Amigo. Vá tranquilo.

domingo, abril 10, 2005

OUTRA CARTA DA TIA AMBRÓSIA AO TONINHO


Meu adorado menino,

Muito estimo que esta o vá encontrar bem… Eu, cá vou na forma do costume.

Agora foi o encerrar de outro capítulo: o do congresso do seu PPD, onde o rico era o todo poderoso Presidente! E vai deixar de ser!

Que dor eu sinto no meu peito – que Deus nos valha! – por tanta ingratidão, tanta injustiça, tanta malvadez, tanta traição!

Como se pode desperdiçar um génio como é o meu rico menino – Deus nos acuda!

Como é possível dispensar, afastar um valor assim imperdível como é o rico – Santo Agapito nos defenda!

O mundo está perdido, quando perde valores como o lindo menino – Nossa Senhora das Graças olhe por nós!

O rico diz que não desiste, que vai andar por aí!... Mas por onde, meu filho?! Fazendo o quê, meu santinho?!

São Januário e todos os santinhos da corte celeste tenham compaixão do rico e o acompanhem!

Lugares de destaque, de verdadeira importância, que o lancem para o mundo das celebridades…

Vá,
Não seja maldoso:
não é dessas celebridades
- onde até já esteve aquela sua namorada -
não é dessas que falo.
Mas, vendo bem… E depois, porque não também?
Que até nem ficava lá nada mal…
Se pessoas tão importantes e valiosas como o Castelo Branco
lá estiveram!!!

Falava eu do mundo das celebridades, mas doutro destaque, onde o rico bem merece estar… Neste momento só a Presidência da Câmara de Lisboa!

É pouco, muito pouco, mesmo, para quem, como o rico, voa muito, mas muito mais alto, porque tem valor de sobra para isso! – Santa Rita de Cássia tenha piedade e proteja o querido filho!

O pior é se a Câmara também se lhe escapa… O que parece – dizem as más línguas do costume – já esteve mais longe de acontecer!

Não me conformo. Nosso Senhor Jesus Cristo o defenda na Sua infinita misericórdia…

Mas o rico não desespere. Como disse, feriram-no, mas não o mataram. Certo. E que maus são todos. Uns traidores é que são.

Mas um valor assim não se deixa matar: resiste. Avança. Vence todas os obstáculos – com a providencial ajuda do Bom Deus.

Repito: se o filho precisar… As minhas magras economias e a minha reformazinha não existem para outra coisa: só para o ajudar, meu tesouro.

E se precisar de alguma das minhas casinhas, a tal no Beco da Fonte, ao bairro do Tancredo, ou a da Travessa do Vintém das Escolas, a Benfica, ou duma outra que agora vagou, no Bairro dos Cucos, ali à Reboleira… É só pedir. Não se acanhe!

Irei fazer uma novena à Senhora da Ladeira para que o proteja e acompanhe…

Um terno beijo, de muita saudade, desta que nunca o esquece e todos os dias o encomenda ao Senhor, nas suas orações, a

Tia Ambrósia


sábado, abril 09, 2005

DISSERTAÇÃO SOBRE A DEFECAÇÃO


A imaginação é uma fonte inesgotável. E por vezes com apelos surpreendentes. Algumas vezes ousados. Quantas vezes inconvenientes ou despropositados em quem tenha maneiras.

É o caso de nos socorrermos de uma situação bem prosaica, pouco elegante, algo ridícula, muito inestética.

Todos – mas todos, mesmo, sem qualquer excepção – temos de satisfazer algumas necessidades imperiosas, daquelas básicas, que o organismo não dispensa – senão, entupíamos e morríamos inchados, disformes – como o defecar.

Do mais obscuro cidadão do Magreb próximo ou da mais longínqua ilha da Indonésia, às mais mediáticas e veneradas ou aplaudidas figuras do globo, todos têm de evacuar.

Mas claro que se não diz de um magrebino ou de um indonésio que vai evacuar. Cagar, sim é que ele vai, não vá sentir-se ofendido por palavras que não entende.

Mas já das tais mediáticas ou venerandas figuras se não atreve ninguém a dizer que vão cagar. Evacuar, obrar, sim, é que vão, na generalidade. Porque algumas vão é fazer cocó. A menos que se trate de algum bronco: porque nesse caso ele só entende uma linguagem: vai cagar (caso de Bush e de A J Jardim).

Já quanto ao poiso em que a íntima função é levada a efeito, e ao instrumento de recolha dos resíduos sólidos ou líquidos, também existem algumas diferenças. Os ditos magrebino ou indonésio, que vivem lá nos confins do deserto ou nas profundezas do mundo rural, esses acocoram-se num qualquer canto, talvez arrimados a um providencial muro ou no isolamento da imensa natureza que tudo suporta, e limpam-se, sumariamente, a qualquer folha de couve. Quando melhor, e se já mais civilizados, aliviam-se num buraco aberto no chão dum escasso compartimento de 0,90mX0,90m.

As veneráveis ou mediáticas criaturas dispõem de uma enorme profusão de tipos de compartimentos (casas ou quartos de banho), mais ou menos requintadas consoante a escala ou a importância societária; das mais vulgares às mais sofisticadas e inteligentes sanitas.

Imagine-se, então, sua sereníssima alteza real, a rainha de Inglaterra, sentada na (soberana?) sanita, aflitinha, saia e real cuequinha aos joelhos, sua alva e realíssima bunda aliviando as reais descargas intestinais. Os ruídos e os incomodativos odores, condizentes com a função. Um certo rubor facial, pelo esforço realizado. Um esgar, uma careta, um trejeito da face, pela dificuldade na operação. Um suspiro de alívio pelo resultado, enfim, conseguido.

Imagine-se, agora, a madre superiora das carmelitas em igualmente prosaica, inestética e difícil situação. O hábito, a combinação subidos até à cintura, o calção descido aos joelhos – mas de cara levantada, erguida ao céu, porque é pecado ver o corpo. E porque a natureza é mesmo assim, os mesmos sons, os mesmos cheiros, os mesmos esgares, as mesmas dificuldades, os mesmos alívios.

Ou imagine-se sua santidade o papa: batina despida, solidéu sobre a cómoda, calça e ceroula descidas aos joelhos. Implorando a divina protecção em tão complicada circunstância, sua pontifical bunda reluzente e de suaves fragrâncias, expelindo os detritos rejeitados pela natureza. Mas as mesmas variadas expressões faciais, consoante a maior ou menor dificuldade na empresa, os mesmos incontidos e inconvenientes ruídos, os mesmos ruborizantes odores, o mesmo suspiro de alívio final.

Mas o ritual, os inconvenientes e mais ou menos tímidos sons, os trejeitos faciais, a nudez das mais ou menos respeitáveis bundas… São sempre os mesmos.

Talvez diferente com Bush – porque falto de maneiras, bronco, desatento – produz ruídos tais que se ouvem ao fim do próximo quarteirão, põem em alvoroço os guarda-costas, surpreendem e desassossegam o sentinela do palácio, põem em polvorosa todo o pessoal da Casa Branca; tem tais descargas mais nauseabundas que empestam toda a vizinhança com um fedor de insuportável e repugnante putrefacção.

O que acontece também é que tal função é absolutamente pessoal e intransmissível e indelegável e indeclinável.

Daí que Bush não possa delegar o exercício de tal acto em Condoleezza Rice ou em Colin Powel.

Como o papa não pode dela incumbir qualquer cardeal ou um guarda suíço.

Nem sua majestade a rainha pode dela encarregar qualquer dos seus inúmeros servidores do Palácio de Buckingham, ou qualquer dos seus mais ignorados súbditos.

É da condição humana: cada qual tem de resolver por si, e em princípio sozinho, tal problema.

É a vida!


sexta-feira, abril 08, 2005

REDUZA OS DIAS DE TRABALHO PARA PROLONGAR SUA VIDA

Estudos recentes apuraram que:

Um cigarro encurta a vida em 2 minutos

Uma garrafa de álcool encurta a vida em 4 minutos

Um dia de trabalho encurta a vida em 8 HORAS!!!

De acordo com tal conclusão parece que o que se deve reduzir, e drasticamente, é os dias de trabalho!

O SR AMADEU E O SEU SPORTING


- Que se passa, sr Amadeu? Está nervoso?

- oh! Deixe-me cá. Ontem à noite foi outra vez um desastre, lá em Inglaterra. O Newcastle ganhou-nos por 1 a 0! Não pode ser. Não me conformo…

- Mas não há outro jogo ainda? – insiste o sr Felisberto.

- Claro. Isto foi só a primeira mão. Mas é um resultado perigoso.

- Mas oiça cá – volta o sr Felisberto - o Sporting até vai bem! Ganhou ao Porto. Ganhou ao Boavista…

- Bom, do jogo com o Porto, nem se fala. Gramei mesmo. Dar nas ventas daquele presunçoso, dá sempre um gozo enorme.

Com o Boavista, quatro secos, também foi bom. Mas agora perder… Hoje…

- Tenha calma. Pelos vistos não está tudo perdido, ora não?

- Está bem. Claro que não está tudo perdido. Mas não gostei. Não jogaram nada. É um resultado perigoso.

- Hão-de vir melhores dias, sr Amadeu. Então não hão-de?

- Espero bem que sim. Volta e meia são uns coxos.

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