Meu adorado Toninho,
Muito estimo que esta o vá encontrar o melhor possível. Eu, por cá… Mais ou menos.
Pois é, meu rico: tudo o que é bom, acaba cedo!
Foi ontem o dia do adeus. A mim pareceu-me um dia de finados, que Nossa Senhora do Carmo me perdoe. Que tristeza imensa, que angústia – Nossa Senhora dos Aflitos nos acuda.
Ainda agora - que chegou a hora do adeus do rico filho ao governo da Nação – ainda agora, dizia eu, me confrange e impressiona que a ditosa Pátria tenha sido tão madrasta para o meu santo menino – São Januário o proteja.
Deitarem fora – é triste, mas foi o que se passou – um valor como o rico filho! Uma personalidade tão consciente, tão sensata, tão reflectida, competente e constante e adulta, como o menino, ser desprezada e achincalhada, ser combatida e afastada – é no mínimo cegueira e tremenda injustiça. Santo Agapito nos defenda.
O orgulho que eu sentia de ser “tia” do Presidente do Conselho!
Ah! Mas o rico vai, por certo, ser presidente de qualquer coisa. Não pode mesmo deixar de ser!
Na Câmara, parece que o seu amigo não estará muito pelos ajustes… Mas de alguma coisa vai ser presidente. Tenho a certeza. E todos esperamos.
No entanto, repito (o assunto é melindroso, mas conheço bem as dificuldades do rico filho), se precisar de uns trocados (forma modesta de dizer, claro), ou se precisar de um dos meus andares – ou da tal casinha no Beco da Fonte, ao bairro do Tancredo ou do andar na Travessa do Vintém das Escolas, a Benfica -… É só dizer, meu querido.
Meu rico: também eu partilho da sua mágoa e da sua profunda tristeza. Santo Ildefonso nos acompanhe.
Um beijo enorme, de amor e saudade, de quem nunca o esquece nas sua orações, a
Tia Ambrósia
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