- Ó sr Felisberto, fiquei todo o dia a matutar no assunto: porque é que o sr acha que na sua zona trasmontana, há um maior conservadorismo das populações?
- Ora, meu amigo… Não é só em Trás-os-Montes…
É no interior (sobretudo no interior) desse Portugal por aí fora (no Portugal profundo, como sei que hoje se diz).
Ora porquê!
Os ecos das revoluções e dos mais importantes interventores não chegam lá. E se chegam, são logo abafados pelos tais caciques e pelos padres…
- …
- Não se esqueça que a melhor maça cinzenta não habita por essas paragens. Nem dos políticos nem dos padres.
Um bispo não vai mandar para o cu de judas da sua diocese a fina flor dos seus padres… Não há-de ser assim? É evidente. E então lá temos Deus Nosso Senhor, através dos seus dóceis e pouco evoluídos ministros, a pregar a mesma doutrina de há séculos: o inferno, o Deus castigador, o mal, o preconceito, o purgatório, o temor ao mesmo Deus cruel, o comunismo – que nem tem nada a ver com o comunismo: é um papão que se aplica até a um padre ou um bispo mais avançado, a um político – veja o Freitas, há pouco! – que, porque se opõe aos espíritos mais retrógrados e mais incompetentes e mais irresponsáveis é logo apontado de comunista!...
Olhe, é a maneira de pensar da tia Ambrósia, e de todas as tias ambrósias deste país. Não são elas, sobretudo, que enchem as igrejas desta terra?
Quer mais?
- Sim parece-me que há muito mais… Mas para hoje, chega.
Tenho que ir andando. Até amanhã, sr Felisberto.
- Até amanhã. Vá tranquilo, meu Amigo…
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